domingo, 24 de junho de 2007

PAULITEIROS DE SENDIM


OS PAULITEIROS DE SENDIM(14)

continuação

Cada “lhaço” é dançado no geral, quatro vezes e no fim os dançadores, já sem bater os paus, dançam a “bicha”, que é uma dança, em que os dançadores, dançando e tocando as castanholas, vão em duas filas na direcção do público, abrindo cada fila para seu lado, na frente do palco, voltando a fazer uma fila na direcção contrária. Acabam dando um salto, ficando voltados cara com cara as duas filas.

Porque achamos de interesse, vamos ainda dar uma explicação de três “lhaços”.

“Ls Oufícios” – Neste “lhaço”, como o nome indica, são representados quatro ofícios que cada grupo acha mais usuais ou representativos da actividade da sua terra.
Em Sendim, os quatro ofícios que se costumam apresentar são os de ferreiro, carpinteiro, barbeiro e ferrador.
No fim de cada dança, cada par, uma guia e um peão, representam o seu ofício.
Um par faz o ferreiro, o peão põe os paus na horizontal e a guia com os paus juntos simula malhar o ferro, batendo nos paus do peão.
Outro par faz o carpinteiro, o peão põe os paus na horizontal e a guia na vertical e movimentando os paus um para cima e o outro para baixo, simulam serrar.
Outro par faz o barbeiro, o peão põe os paus atrás, na vertical, seguros pelas mãos, e senta-se neles, enquanto a guia simula fazer-lhe a barba, servindo um pau de navalha e o outro de afiador.
O outro par faz de ferrador, o peão faz de “burro”, inclinado para a frente, apoiado sobre os dois paus, levanta uma perna para trás e a guia segura a perna com um pau e com o outro simula ferrar. Aqui o peão pode simular dar um coice, a guia simula tirar o casco, bater na sola. É tudo uma questão de imaginação.

“Las rosas” – Este “lhaço” é apenas dançado, não se utilizando os paus. Ao som da gaita-de-foles e tocando as castanholas, os pauliteiros dançam a “bitcha”. Mas, quem melhor que o nosso conterrâneo, Pe. Mourinho, para descrever esta dança?
«Esta só se faz em volta de um alqueire de trigo cogulado, sobre o qual espetam uma estaca de que pende abundante fumeiro de carne de porco e se coloca um jarro de vinho.
Os dançantes executam, várias voltas circundando a oferta; no tempo devido, vêm de dois em dois celebrar a festa, dançando e sacudindo os pés, sobre a valiosa esmola, como que em bênção ou exorcismo o que me parece a transformam e definem como uma autêntica dança ritual. Dela já recolhi várias e boas imagens que oportunamente serão publicadas com texto mais desenvolvido

O “salto ao castelo” ou “assalto ao castelo” é uma dança sem paus e em que depois de dançarem a “bitcha” os peões de cada fila se colocam um aos ombros do outro, fazendo dois pilares voltados um para o outro, no meio do palco. Ao mesmo tempo as guias dançando, dois de um lado e dois do outro, preparam o momento do salto.
O gaiteiro dá um sinal com a gaita-de-foles, uma das guias toma balanço para saltar, enquanto as outras se juntam aos pilares feitos pelos peões, ficando uma a fazer de “burro”, no meio, e as outras duas, cada uma de seu lado, encostadas ao burro, esperam pelo saltador.
Este, ajudado pela guia do seu lado, salta pelo meio, dando uma cambalhota e indo cair do outro lado, onde a outra guia o ajuda a ficar em pé. Formam as filas novamente e dançam a “bitcha”.

Isto é o essencial para se entender a dança e poder apreciá-la melhor.

terça-feira, 12 de junho de 2007

PAULITEIROS DE SENDIM


OS PAULITEIROS DE SENDIM(13)

continuação

Porque julgamos relevante, vamos dar uma explicação das principais variantes que se encadeiam durante a dança de um “lhaço”. Há “lhaços” que têm várias e outros apenas uma ou duas. O início, a passagem e a “bitcha” é que são praticamente comuns a todas.
O grupo é constituído por oito pauliteiros que se dispõem em duas filas paralelas. Os pauliteiros das pontas são as guias e os de dentro são os peões.
Isto é importante saber-se para se poder dançar bem, já que os peões, por regra, nunca podem deixar as suas respectivas guias.
As duas guias de cada ponta e os seus peões fazem a quatrada.

Quatrada – Os quatro pauliteiros que formam a quatrada trocam entre si de posição, batendo os paus, acabando sempre por ocupar a posição inicial. A quatrada pode fazer-se com ou sem paragem a seguir a cada vez que se cruzam os pares, ou em movimentos seguidos.

Corrida – Os guias de uma ponta, levando atrás todos os dançadores da sua fila vão na direcção da outra ponta, em círculos ovais, batendo com os paus e regressando ao seu lugar inicial.

Guias adentro e peões afora – Os peões rodam, um quarto de volta, na direcção do centro das filas, batendo os paus e dando um passo lateral e para fora, vão ocupar o lugar das guias (fora), deixando espaço para estas, que rodando ao mesmo tempo e no mesmo sentido, dão um passo em frente ocupando o lugar dos peões, ao meio (dentro), ficando de frente para as guias da outra extremidade das suas respectivas filas.

Guias afora e peões adentro – Os peões e as guias fazem os movimentos contrários à dança anterior, como facilmente se deduz, indo ocupar os seus devidos lugares, já que os peões estão no lugar das guias e as guias no lugar dos peões. Guias afora e peões adentro.

“Desvolta” por dentro e por fora – As filas estão voltadas uma para a outra, as guias e os peões batem os paus nos que têm em frente (peão com peão, guia com guia), cada guia volta-se para o seu peão que por sua vez se volta para a sua guia e batem com os paus. Os peões continuam a rodar na mesma direcção e vão ficar de frente para o outro peão da sua fila com quem batem os paus. As guias acompanham o movimento dos peões e saltando vão bater nas guias da sua fila, fazendo uma fila perpendicular à primeira. Fazem o movimento inverso e regressam aos seus lugares, batendo sempre os paus.
As guias podem ainda, ao bater guia com guia, cruzarem e irem bater os paus com os peões das outras guias e saltando irem bater com as guias da sua fila, mas já no outro extremo das filas.

Guias em volta – Os peões juntam-se ao meio, costas com costas e em movimento contrário às guias, vão aparando, com os paus o batimento dos paus das guias que rodam em volta deles. Ou fazem passes, esquerda, direita.

A passagem acontece no fim de cada dança, em que os dançadores de uma fila passam pelos da outra, indo formar duas filas perpendiculares às iniciais, batendo sempre os paus.

“Cada terra com seu uso e cada roca com seu fuso”, diz o ditado, também estes passes de dança têm várias formas de interpretação e nós não nos julgamos como os mais entendidos, mas foi assim que aprendemos. Mesmo o nome pode divergir, bom seria analisar “lhaço” por “lhaço” e descrever a coreografia deles com as variantes de terra para terra.
Não é a finalidade deste trabalho, mas estamos disponíveis para o fazer ou ajudar a fazer.
Este trabalho apenas quer ser um registo de memória sobre os pauliteiros, mas que pode ajudar em vários campos.

Há depois várias variantes que cada grupo tem e que diz da sua qualidade e ainda várias formas de bater os paus; o pau picado (bater os seus paus um no outro), por cima ou por baixo, antes de bater nos paus dos outros dançadores, pau simples, paus juntos, paus em cruz, pau de corrida e o pau simples em cima ou em baixo.
Dançar com os pés, ao mesmo tempo que se deslocam nos vários passes, é também um pormenor importante.
Isto tudo exige, como se deduz facilmente, uma maior destreza.
continua...

domingo, 10 de junho de 2007

PAULITEIROS DE SENDIM


OS PAULITEIROS DE SENDIM(12)

continuação

Com o falecimento trágico do Belmiro Carção, viria a tomar conta do grupo adulto de pauliteiros o Jorge Morgado, infelizmente falecido num acidente poucos meses depois, pelo que, hoje o seu director é o Óscar Salgado, que actualmente se dedica de alma e coração ao grupo e que levou também, a vários locais do país e do estrangeiro. De notar que o Óscar Salgado foi um dos primeiros dançadores do grupo infantil.
Também a Associação de Professores Mirandeses criou o seu grupo de pauliteiros de que fizeram parte, no seu início, os professores: José Almendra, José Mourinho, José Ramos Campos, José Preto e António Carção, todos de Sendim, o professor José Teixeira da Granja de S. Pedro e que dava aulas em Sendim, o professor José Delgado de Palaçoulo e o professor José Casimiro Martins de Brunhosinho. Este grupo actuou também em vários locais de Portugal e Espanha, nomeadamente no Coliseu do Porto e no S. Luís em Lisboa.
O gaiteiro era António Alves de Vila Chã, tocava bombo José Pires, que foi professor em Sendim e cá casou e tocava caixa Pedro Ferreira, professor em Mogadouro.
Foi seu ensaiador o professor José Alberto Teixeira, um dos mais entendidos, na dança dos paus, em toda a terra de Miranda. Ele aliava à arte de ensaiar, o conhecimento das várias variantes de quase todos os grupos e ainda, a arte de saber dançar em todas as posições. Era a guia direita do grupo dos professores.

continua...

sábado, 9 de junho de 2007

PAULITEIROS DE SENDIM


OS PAULITEIROS DE SENDIM(11)

continuação

Logo nesse ano (1998) a Associação pediu ajudas para a aquisição de novos fatos, visto os anteriores terem surpreendentemente desaparecido, sem que ninguém soubesse o seu destino (ou será que sabem?). Foram então mandados fazer 9 factos à artezã Maria Susana de Castro, fatos esses que custaram na altura 60 contos cada o que deu um total de 480 contos, (100 dados pela Junta de Freguesia, 150 pela Câmara Municipal e 200 pelo IPJ, os restantes 30, foram suportados pelo dinheiro angariado em actuações).
Foi ainda oferecida e amavelmente confeccionada a Bandeira do então novo Grupo de Pauliteiros de Sendim.
Passados dois anos, a pedido do Belmiro Carção e de muitos jovens sendineses, foi então criado mais um grupo de Pauliteiros, mas mais jovem, ou seja de idades a rondar os 13, 14 anos.
É então feita uma actuação de apresentação com os dois grupos no adro da Igreja em Sendim, foi na Páscoa de 2000.
Juntou-se algum dinheiro e com a ajuda das actuações que foram feitas adquiriu-se mais um conjunto de factos que foram confeccionados pela artezã Palmira Falcão.
Estes fatos foram já adquiridos pela então nova associação criada, cujo nome passou a ser Grupo de Pauliteiros de Sendim.
Foi nessa altura que em Sendim apareceram mais Gaiteiros, o Henrique Fernandes, o Dinis Pires e o Luís Ferreira.
No ano de 2003 foi apresentado mais um grupo de Pauliteiros ainda mais novos, a rondar os 9/10 anos.
Nesse ano, Sendim teve pela primeira vez três grupos de Pauliteiros prontos actuar.
O Grupo de Pauliteiros de Sendim ainda hoje se mantém em actividade e com o Belmiro Carção actuou em vários locais do país e do estrangeiro, sendo de realçar a actuação em França.

continua...

quinta-feira, 7 de junho de 2007

OS PAULITEIROS DE SENDIM


OS PAULITEIROS DE SENDIM(10)

continuação


No verão de 1997 três jovens de Sendim, Paulo Preto, Fernado Nuno Palhau e Telmo Ramos, juntaram-se para fundar a Associação que viria a chamar-se “ Mirai Qu’Alforjas – Associação de Juventude de Sendim”. Convidaram mais oito jovens, para assim constituírem os corpos gerentes. A fundação viria a acontecer no dia 13 de Março de 1998. Os fundadores viriam a ser, José Santiago, Paulo Preto, Rui Mendes, Carlos Rodrigues, José Preto, Virgílio Carção, Fernando Nuno Palhau, Helena Moreira, Telmo Ramos, Luís Picotês Gonçalves e Sandra Nobre.
Uma das primeiras e principais finalidades da sua constituição foi precisamente ressuscitar, o Grupo de Pauliteiros de Sendim, então parado há mais de 10 anos.
Contactados alguns dos antigos dançadores do grupo de pauliteiros infantil, estes aceitaram e foram ter com o Belmiro Carção que de pronto aceitou.
Os Pauliteiros desta nova fase foram; Aquilino Branco, Óscar Salgado, José Preto, Raul Campos Martins, José Pires, Manuel Falcão, José André, Nelson Pimentão e António Aleixo, e numa nova geração, o Carlos Rodrigues, Alexandre Conde e Pedro Morete.
O gaiteiro deste grupo era o Sendinês Paulo Preto, acompanhado na Caixa pelo Manuel Falcão e no bombo pelo Belmiro Carção.

continuação...

quarta-feira, 6 de junho de 2007

OS PAULITEIROS DE SENDIM


OS PAULITEIROS DE SENDIM(9)

continuação

No verão de 1997 três jovens de Sendim, Paulo Preto, Fernado Nuno Palhau e Telmo Ramos, juntaram-se para fundar a Associação que viria a chamar-se “ Mirai Qu’Alforjas – Associação de Juventude de Sendim”. Convidaram mais oito jovens, para assim constituírem os corpos gerentes. A fundação viria a acontecer no dia 13 de Março de 1998. Os fundadores viriam a ser, José Santiago, Paulo Preto, Rui Mendes, Carlos Rodrigues, José Preto, Virgílio Carção, Fernando Nuno Palhau, Helena Moreira, Telmo Ramos, Luís Picotes Gonçalves e Sandra Nobre.
Uma das primeiras e principais finalidades da sua constituição foi precisamente ressuscitar, o Grupo de Pauliteiros de Sendim, então parado há mais de 10 anos.
Contactados alguns dos antigos dançadores do grupo de pauliteiros infantil, estes aceitaram e foram ter com o Belmiro Carção que de pronto aceitou.
Os Pauliteiros desta nova fase foram; Aquilino Branco, Óscar Salgado, José Preto, Raul Campos Martins, José Pires, Manuel Falcão, José André, Nelson Pimentão e António Aleixo, e numa nova geração, o Carlos Rodrigues, Alexandre Conde e Pedro Morete.
O gaiteiro deste grupo era o Sendinês Paulo Preto, acompanhado na Caixa pelo Manuel Falcão e no bombo pelo Belmiro Carção.
Logo nesse ano (1998) a Associação pediu ajudas para a aquisição de novos fatos, visto os anteriores terem surpreendentemente desaparecido, sem que ninguém soubesse o seu destino (ou será que sabem?). Foram então mandados fazer 9 factos à artezã Maria Susana de Castro, fatos esses que custaram na altura 60 contos cada o que deu um total de 480 contos, (100 dados pela Junta de Freguesia, 150 pela Câmara Municipal e 200 pelo IPJ, os restantes 30, foram suportados pelo dinheiro angariado em actuações).
Foi ainda oferecida e amavelmente confeccionada a Bandeira do então novo Grupo de Pauliteiros de Sendim.
Passados dois anos, a pedido do Belmiro Carção e de muitos jovens sendineses, foi então criado mais um grupo de Pauliteiros, mas mais jovem, ou seja de idades a rondar os 13, 14 anos.
É então feita uma actuação de apresentação com os dois grupos no adro da Igreja em Sendim, foi na Páscoa de 2000.
Juntou-se algum dinheiro e com a ajuda das actuações que foram feitas adquiriu-se mais um conjunto de factos que foram confeccionados pela artezã Palmira Falcão.
Estes fatos foram já adquiridos pela então nova associação criada, cujo nome passou a ser Grupo de Pauliteiros de Sendim.
Foi nessa altura que em Sendim apareceram mais Gaiteiros, o Henrique Fernandes, o Dinis Pires e o Ferreira.
No ano de 2003 foi apresentado mais um grupo de Pauliteiros ainda mais novos, a rondar os 9/10 anos.
Nesse ano, Sendim teve pela primeira vez três grupos de Pauliteiros prontos actuar.

continua...

segunda-feira, 4 de junho de 2007

OS PAULITEIROS DE SENDIM


OS PAULITEIROS DE SENDIM(8)

continiação

O grupo infantil começou a ter problemas nas deslocações, pois as solicitações eram muitas, e levar crianças de um lado para o outro era complicado, houve uma pausa. No entanto, na escola, íamos nós próprios mantendo a actividade, formando grupos que actuavam nas festas escolares e no Carnaval.

Para esta pausa, muito contribuiu também a dificuldade de levar todo o rancho do Centro Cultural, já que a ensaiadora das danças mistas, Judite Mourinho, filha de José Pires Mourinho, pela sua vida pessoal, não podia dar a atenção que desejava. Mas muitas crianças aprenderam a dançar e não me engano se disser que, em Sendim, é onde mais gente sabe dançar os paus, na Terra de Miranda.
Pelo que conhecemos foi Sendim a primeira terra de Miranda a ter um grupo infantil. Já em 1957 se tinha tentado e só não se continuou porque não seria possível actuarem todos os grupos de Sendim, na inauguração da Casa da Criança Mirandesa. De notar que nas danças mistas, nessa data, havia dançadores infantis e adultos. Os pauliteiros infantis não concluíram os ensaios, mas continuaram a dançar nos recreios da escola e deles viria a surgir o grupo de 1963.
Ainda hoje estamos a ver o Belmiro Carção, o José Carlos, o Américo Peres, o António Almendra, o Manuel Mourinho e tantos outros, a correrem pelo recreio, com os paus e a dançarem, mas aqui em grupos de quatro.
continua....

domingo, 3 de junho de 2007

OS PAULITEIROS DE SENDIM


OS PAULITEIROS DE SENDIM(7)

continuação

Como surgiu a necessidade de uma maior continuidade nos ensaios, pensou-se que um dos pauliteiros de 1963 poderia dar uma ajuda. O único que se disponibilizou foi o Belmiro Carção, que durante os ensaios e com o tiu Pascoal, gaiteiro de Cércio, foi recordando os “lhaços”, acabando por vir a ser o continuador, tendo passado a tomar conta do grupo, nos ensaios.

Do grupo inicial faziam parte Virgílio Carção, Óscar Jantarada, Pedro Castro, Luís Fernandes e Vítor Balbino (guias) e Óscar Salgado, António Aleixo, Carlos Afonso e Victor Pêra (peões), Luís Fernandes, Paulo Felgueiras, Ramiro Quitério, Fernando Palhau e Aquilino Branco.
Houve o cuidado de ensaiar mais de oito elementos, para melhor se poder escolher e ter substitutos para todas as posições e assim, suprir uma eventual falta. Alguns destes elementos dançavam também as danças mistas.
Quando alguns destes elementos saíam, por terem de ir estudar para longe, e como eram admitidos todos os anos novos elementos, facilmente se renovava o grupo e logo surgiu outro de que fizeram parte, Óscar Salgado, Aquilino Branco, Paulo Nobre, Raul Martins, Manuel Falcão, António Aleixo, João Aleixo, Ramiro Quitério, Nelson Pimentão e José Pires.
Com as receitas que se conseguiam com as deslocações e outras, nestas é de realçar a ajuda que muitas mães e outras mulheres de Sendim deram, fizeram-se os saiotes e as “inaugas” (saias brancas de dentro) dos fatos. Quase tudo foi feito em Sendim.
Os pauliteiros passaram a usar o traje, como o mais conhecido grupo de pauliteiros, no Mundo, os pauliteiros de Duas Igrejas.

A partir destes, muitos outros surgiram, mas porque eles foram os primeiros e os continuadores mais tarde, no grupo adulto, era de justiça referi-los todos.
O grupo de pauliteiros infantil actuou em vários locais do concelho, do país e do estrangeiro, de início acompanhado pelo professor José Ramos Campos e uma ou outra vez pelo professor José Almendra. Só mais tarde é que o Belmiro Carção viria a tomar a seu cargo o acompanhamento do grupo, nas deslocações.
Quando o tiu Pascoal não podia, começou a acompanhar o grupo, o gaiteiro António Alves de Vila Chã, que mais tarde viria a ser o gaiteiro usual. Tocavam caixa o David Jantarada e bombo o Eduardo Mendonça, também infantis e que aprenderam a tocar, no grupo.

continua....

sexta-feira, 1 de junho de 2007

OS PAULITEIROS DE SENDIM


OS PAULITEIROS DE SENDIM (6)


continuação


Em 1980, dado que tinha sido fundado o Centro Cultural e uma das actividades era fazer renascer as danças tradicionais, os professores José Almendra e José Ramos Campos resolveram criar um grupo de pauliteiros infantil e fazer deles um grupo que continuasse a dança, no futuro. Assim aconteceu, tendo-se transformado numa escola, que ao longo dos anos foi criando vários grupos de pauliteiros, em Sendim.

No início foram ensaiados por Benjamim Monteiro, de Vila Chã e por António Alves, de Atenor. Este fez parte de um grupo ensaiado por João da Cruz Mourinho.
Os primeiros ensaios faziam-se cantando os “ lhaços “ e só quando já começavam a saber dançar as variantes, (a quatrada, a corrida, guias adentro e peões afora, guias afora e peões adentro, guias em volta, desvolta por dentro e por fora, a passagem e a “bitcha”) é que se chamou o gaiteiro, o tiu Pascoal de Cércio, que já tinha muita experiência, pois acompanhava o grupo de Duas Igrejas, dirigido pelo nosso conterrâneo, Padre Dr. António Maria Mourinho.
Os pauliteiros usavam calças, como era tradição, em Sendim.
O facto de o tiu Pascoal ter sido o gaiteiro do grupo teve uma importância maior que se julga. Cércio foi sempre a terra em que os pauliteiros melhor dançavam com os pés, como aliás em Sendim e daí ainda hoje isso ser uma das principais características do nosso grupo.
No euro 2004, onde estiveram muitos figurantes vestidos de pauliteiros, foi muito considerada a forma como os elementos de Sendim e de Cércio dançavam a “bitcha”. Tendo sido a adoptada pelos coreógrafos.
continua....