quinta-feira, 17 de maio de 2007

OS PAULITEIROS DE SENDIM

OS PAULITEIROS DE SENDIM(3)
OS PAULITEIROS DE SENDIM (3)

continuação....

Abílio Aleixo veio a formar um grupo de pauliteiros na tropa, em 1951, juntamente com Armando Quitério, de Sendim, José Taborda da Granjica, Adelino de Cicouro, José de Angueira, Manuel da Especiosa, Joaquim de Freixiosa e Fernando de Constantim. Um do concelho de Mogadouro, outro do concelho de Vimioso e os restantes do concelho de Miranda do Douro. Para a formação deste grupo muito contou o apoio do alferes Dinis, de Miranda do Douro. Não sabemos para já os apelidos, razão por que indicamos a seguir ao nome, a naturalidade.
É importante referir aqui como se processou a formação deste grupo, na tropa, pois vem-nos mostrar a força da dança dos paus na união dos mirandeses e da importância da sua língua.
Contou-nos o tiu Abílio Aleixo:
" Aproximava-se o juramento de bandeiras e nós, os do concelho de Miranda do Douro e alguns do concelho de Vimioso e Mogadouro, resolvemos ensaiar um grupo para actuar no dia do juramento de bandeiras. Os que sabiam já, por terem dançado nas suas terras e outros a quem fomos ensinando, juntámo-nos numa arrecadação e sem dar motim, lá fomos ensaiando os “lhaços”, os que não sabiam eram poucos. De Sendim era também um rapaz chamado Armando Quitério, está no Brasil, como não tinha dançado nunca, tinha medo de que lhe acertássemos com os paus, e andava com um pau sempre no ar, mas lá aprendeu.
Como não tínhamos gaiteiro, estávamos com esse problema quando um rapaz do concelho de Vimioso, agora já me vou esquecendo dos nomes, nós conhecíamo-nos pela fala, então esse rapaz disse-nos que resolvia ele o problema. Como tocava clarinete no quartel de artilharia, era na Pesada 2 em Gaia, começou a ensaiar ao mesmo tempo que nós cantávamos e ficou porreiro. Parecia mesmo um gaiteiro.
Mas tivemos também sorte, é que um dia, logo no princípio, um tenente deu connosco e com o seu ar importante perguntou:
- Que estais a fazer aqui e que barulho é este?
-Estamos a ensaiar uma dança da nossa terra, para o dia do juramento de bandeira, meu tenente.
-Dançai lá para eu ver.
Dançamos e ele virou-se para nós e disse:
-Eu sou de Miranda, tendes mesmo que continuar e quero isso bem ensaiado.
-Mas, meu tenente, o comer não é muito aqui no quartel e com o trabalho vai ser complicado.
No outro dia tínhamos mais uma terrina de sopa. Era o tenente Dinis, mais não sei ".
Seguiu-se outro grupo, ensaiado por José Pires Mourinho, em 1957, formado por Domingos Picotês, José Xavier, José Pires Mourinho, Manuel Cangueiro, Domingos Pires, Alfredo Pires, Aleixo Margalho e Manuel Ferreira.
De notar que este grupo tem elementos do anterior e o ensaiador, José Pires Mourinho aparece como dançador. Ele aparece porque faltou um dançador e como sabia ocupar todas as posições teve que dançar. Os gaiteiros eram de Travanca.
Também a formação deste grupo teve uma razão forte, aproximava-se a inauguração da Casa da Criança Mirandesa e com uma festa em que iam participar todas as terras de Miranda. Todas trariam carros alegóricos e muitos grupos a actuar. Sendim, não podia ficar indiferente. Este grupo veio a ser considerado dos melhores, já que foi o que melhor soube utilizar o repicar dos paus e a dança de pés. O grupo de Duas Igrejas teve um ponto a seu favor, que foi “o salto ao castelo”, mas o grupo de Sendim inovou nos “lhaços” ao dançar o Hino Nacional.
continua

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