sexta-feira, 11 de maio de 2007

OS PAULITEIROS DE SENDIM


OS PAULITEIROS DE SENDIM(2)
continuação....
O grupo mais antigo que identificámos, foi um que era formado por Abílio Aleixo, José Castro, Domingos Pires e Domingos Santiago, como guias e José Joaquim Xavier, Alfredo Pires, Alfredo Cangueiro e Aleixo Margalho, como peões. Actuou nos anos de 1947 a 1950, pelo que nos foi dado saber. Era seu ensaiador José Pires Mourinho, irmão do Padre Dr. António Maria Mourinho. Os gaiteiros eram de Travanca.
Os ensaios faziam-nos cantando os “lhaços”, no Baiunco, nas curraladas e na rua que hoje se chama 1º. De Maio, no pequeno largo, junto ao poço de pedra, que ainda hoje lá se encontra. Numa das pedras do poço estão duas datas, uma de 1803? e outra de 1908.
Era muito frequente, porque havia falta de gaiteiros, os pauliteiros actuarem ao toque da caixa e bombo e a ouvirem cantar os “lhaços”. A gaita-de-foles era mais usada nas festas.
Sem querermos entrar em polémicas, pela nossa experiência como ensaiador e dançador e ainda como ouvinte atento de pessoas que viveram no séc. XIX, queremos dizer que cantar os “lhaços” era uma prática mais frequente que se julga. Havia pauliteiros em todas as localidades, mas gaiteiros não. E os “lhaços” têm quase todos letra e querem transmitir uma mensagem às pessoas ou representam situações e vivências do dia a dia. Muita gente que nem sabe bater um pau, sabe os “lhaços” e a música, de cor.
Pelo depoimento de um destes pauliteiros, José Joaquim Xavier, soubemos que a formação deste grupo começou com uma das muitas reuniões que estes rapazes faziam no Baiunco, debaixo da varanda da antiga casa de Sr. Antoninho Oliveira, para prepararem um número para o Carnaval.
A ideia inicial foi fazerem uma paródia sobre a dança dos paus e utilizar tenazes de ferro, Aleixo Margalho era ferreiro e para simular o bater dos paus, usarem socos com sola de madeira. Isto prova bem que em Sendim dançar com os pés era fundamental.
José Pires Mourinho a quem pediram para os ensaiar, aproveitou a ocasião e disse-lhes que já que queriam dançar, então tinha que ser a sério, também. Pois foi mesmo a sério e assim se reiniciou a dança de novo, em Sendim. Pena foi que não tivesse o apoio que outros tiveram.
Ao contar este episódio, não foi sem intenção, mas para mostrarmos que os sendineses quando vêem que as coisas não andam, reagem provocando as situações.
Não lhes parecia justo Duas Igrejas ter um grupo de pauliteiros, dirigido por um sendinês, o Padre Dr. António Maria Mourinho, e Sendim não. Nunca os sendineses aceitaram muito bem o facto de o Padre Dr. António Maria Mourinho, ter levado muitos dos ensinamentos que aprendeu com seu pai e seu irmão mais velho, para o grupo que veio a dirigir em Duas Igrejas. Mas, o que é certo, é que era aí pároco e as danças eram património de toda a Terra de Miranda.
Duas Igrejas tinha também tradição na dança dos paus. Um grupo dessa freguesia, mais concretamente de Cércio, uma povoação anexa, foi dos primeiros a actuar fora da Terra de Miranda.


(continua)



1 comentário:

Unknown disse...

Sou filho de Alfredo Cangueiro q vc se reporta neste blog..Moro em São Paulo ..Brazil